quarta-feira, 31 de março de 2010
Cozinhando Ciência
Com os cagarros já por aqui e tendo em conta os resultados que tivemos o ano passado relativo à predação de ovos e juvenis, este ano pensámos uma nova aproximação para estudar o impacto dos roedores na reprodução do Cagarro.
Porquê cozinhar ciência???
Porque foi isso mesmo que andámos a fazer ontem à tarde, como podem ver pelas fotos. Se escrevêssemos um artigo sobre a actividade cientifica de ontem, as palavras chave a introduzir seriam parafina, chocolate, banho-maria, tacho e covetes de gêlo.
De modo a perceber a actividade da comunidade roedora em redor das colónias de Cagarro por nós estudadas na Ilha do Corvo, iremos fazer grelhas de blocos de cera (wax-blocks). Para não fomentar grandes dúvidas, não iremos construir nenhum cerca de cera em torno das colónias de cagarro. Nos últimos anos esta técnica tem vindo a ser cada vez mais utilizada para o estudo da actividade de roedores. Se por um lado os seus resultados têm-se mostrado muito úteis revelando aproximações precisas da abundância de roedores, por outro é uma técnica de baixo custo.
Na prática esta técnica consiste em dispor pequenos cubos de cêra (com atractivo para os roedores - no nosso caso foi chocolate) numa grelha pré-definida. Ao fim de alguns dias todos os cubos são retirados e examinados de modo a contabilizar as marcas deixadas pelas mordidelas dos roedores. Como cada espécie de roedor tem uma dentição própria, ainda é possível saber que espécies ocorrem na área em estudo.
Esperemos assim, este ano, ultrapassar algumas limitações que surgiram o ano passado nesta parte do projecto.
Continuem atentos!
Cumprimentos a todos.
quarta-feira, 24 de março de 2010
Primavera chegou ao Ilhéu
Entre Janeiro e Março de 2010 foram instalados no ilhéu 150 ninhos artificiais para Frulho (Puffinus assimilis), de Paínho (Oceanodroma castro) e de Cagarro (Calonetris diomedea borealis).
Foi efectuada uma monitorização nocturna aos ninhos e já se conseguem ouvir o canto dos cagarros que invadem o ilhéu e o fazem encher de vida com as silhuetas nocturnas em voo à procura dos seus ninhos. Esta última monitorização decorreu no passado fim-de-semana e verificou-se que 44% dos ninhos de cagarros já mostravam indícios de ocupação de um total de 199 ninhos prospectados. No qual, um dos casais já mirava uma das novas “habitações de custos controlados”. Nome sugerido pelos voluntários que ajudaram a contabilizar os ninhos no ilhéu.
Durante este mês iniciamos o controlo de vegetação exótica, libertando o espaço ocupado por esta para a nidificação de cagarros para mais tarde ser replantado por plantas endémicas. Mas devido ao mau tempo e à ondulação forte não tem sido possível adiantar os trabalhos de erradicação. Em simultâneo, as plantas nativas estão a ser produzidas nos viveiros da SPEA através do projecto LIFE+ “Laurissilva Sustentável”. Já germinaram aproximadamente 2500 plantas para restabelecer a vegetação endémica do ilhéu de Vila Franca do Campo.
Algumas acções de sensibilização têm sido feitas aos alunos do quarto ano de 4 das escolas primárias do Concelho de Vila Franca do Campo para desmitificar o famoso “penteado do ilhéu” e divulgar as aves marinhas que ali ocorrem. Participaram nestas acções um total de 68 alunos, os quais demonstraram bastante interesse pelo projecto. Estas acções foram organizadas pela Câmara Municipal de Vila Franca do Campo.
terça-feira, 23 de março de 2010
2-1
A zona fechada venceu e manteve a liderança com 2 gatos sem sair
O primeiro gato entrou com o pé direito ao teste batendo a zona fechada por 0-1. A construcção orientada pelo projecto LIFE_Corvo esteve melhor com o segundo gato mas, desta feita, não conseguiu criar reais lances de perigo pelo que foi libertado no dia seguinte.
A zona fechada conseguiu fintar a tentativa do terceiro gato de levar a cabo rápidos e altos saltos no miolo. Assim, foi em grande parte pelas subidas quase até o topo da rede de teste que este último gato conseguiu criar os poucos desequilíbrios registados ao longo da estadia do segundo gato.
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Esperamos que não consigam uma remontada!
O rato, será o próximo adversário da zona fechada, quem ainda não tem classificação na Liga do Teste.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Navegando entre tempestades...
Só faltam 3 dias para a entrada da Primavera e o tempo no Corvo continua a deixar muitas tempestades.
Na reserva biológica do projecto foi instalada uma vedação eléctrica à volta dos ninhos artificiais, quadrados de vegetação e armadilhas pit-fall para insectos. Desta forma temos impedido a interacção e
possível destruição do trabalho feito pelo gado e, mesmo com dias de vento e chuva forte, todas as experiências iniciadas nesta área continuam intactas.
Este fim-de-semana começou-se a construção dos ninhos de cagarro. Enquanto os ninhos de painho, frulho e
estapagado foram criados com vasos, tubos e tampas de plástico, os ninhos de cagarro vão ser construídos com blocos e tampas de cimento. Cada ninho terá um orifício na tampa que servirá apenas para a sua monitorização. Com estas estruturas de cimento queremos garantir o aumento dos seus locais de nidificação durante um maior período de tempo.
Entretanto, continuamos com algumas horas de trabalho nocturno por causa da utilização de gateiras para a captura de gatos selvagens. Numa das armadilhas conseguimos uma recaptura na noite passada. Aproveitámos o facto deste gato já ter chip e de ter sido esterilizado há mais de três semanas e portanto, sem feridas recentes, para libertá-lo na área fechada. Até agora só tínhamos testado a área com sucesso para murganhos, pelo que a partir de amanhã poderemos saber mais sobre a resistência desta área vedada à saída de gatos.
Por último, aproveitamos para lhes apresentar a nossa nova colaboradora. Chama-se Eva e é natural da Alemanha. A Eva ficará connosco até o próximo mês de Maio para realizar o levantamento da vegetação das falésias do Corvo através de fotografias que serão tiradas desde o mar. Desejos de muitos dias de mar calmo e bom porto para teu trabalho Eva!
Felicidade para todos!
domingo, 7 de março de 2010
Capturas de roedores
Como já tinhamos publicado anteriormente, em Janeiro começámos a captura de murganhos na Reserva Biológica do Corvo, Reserva Biológica de Altitude e duas áreas não intervencionadas a diferentes altitudes (30 e 400m acima do nível do mar). Com a chegada das Sherman podemos, ainda este mês, alargar as grelhas de captura para o dobro das armadilhas (25 Sherman e 24 Pest-stop) e assim iniciar igualmente as capturas do géreno Rattus com o objectivo de estimar a variação das densidades de roedores ao longo do ano.
As grelhas ficaram mais ou menos com este aspecto. Claro que as pequenas Pest-stop passam despercebidas no meio das enormes Sherman.
Os resultados não tardaram a aparecer. Murganhos têm sido capturados em abundância nas zonas de baixa altitude onde ontem foi já capturada a primeira ratazana-preta.
Esperemos conseguir publicar alguns dados brevemente.
Abraços
segunda-feira, 1 de março de 2010
Gatos, sardinhas e noites em branco...
Ao fim de 4 noites de capturas, conseguimos castrar um total de 5 gatos adultos, todos do sexo masculino. Esta semana passamos a colocar as armadilhas noutros locais a maior altitude, onde se concentram muitos palheiros dos produtores de pecuária do Corvo, e vamos torcer para que o trabalho continue a ter sucesso!