Antes de colocar as caixas rateiras pelas diferentes zonas da ilha para diminuir a população de ratos tinhamos que nos assegurar que não havia risco das vacas comeram o raticida, pelo que acompanhámos o Pedro Domingues nas suas lavouras diárias. Colocámos nas caixas a ração de vaca mesmo à frente delas. Daqui a uma semana voltaremos lá para ver se as vacas mexeram nelas.

Nunca pensámos que as vacas fossem tão espertinhas. Numa zona de baldio cheia de vacas, quatro delas, ao ouvir a buzina do carro do Pedro, começaram a correr montanha abaixo à sua procura e o resto das vacas mesmo tendo a oportunidade de comer não ligaram porque não era o seu dono.

Para acabar esta fotinho é de ontem a tarde quando fomos dar uma voltinha em barco a ilha, espectáculo pá! Isto para quem ainda não saiba que no Corvo o trabalho e o prazer as vezes estão ligados. Esta actividade faz parte de uma das acções do projecto, é mensal e consiste numa contagem de cabras e ovelhas pelas falésias da ilha. Ontem fizemos um record, já que contámos mais de 100 no total e ainda debaixo de chuva!

Há já uma semana que começamos a iscar os tracking tunnels para detectar a presença ou ausência de ratos. Um total de 110 armadilhas estão distribuídas pelos diferentes habitats, muitos delas próximos aos ninhos de Cagarro monitorizados. Na Quarta Feira passada numa das linhas de amostragem encontramos este senhor que tinha tomado duas das armadilhas emprestadas para se construir unas perninhas.


Os resultados foram recolhidos no dia seguinte, já que as amostragem são de uma noite. O isco cola-se no tecto do túnel e mesmo debaixo coloca-se uma esponja banhada em colorante. Duas folhas dispõem-se nas entradas de maneira que quando os ratos entram a comer o isco pisam a armadilhas deixando as suas pegadas na folha. No Corvo não existem, até agora, coelhos nem furões, pelo que as pagadas só podem ser de ratazanas ou murganhos.

Monitorização de ninhos de Cagarro

Desde final de Maio têm sido monitorizados semanalmente ninhos de Cagarro. Dos 240 ninhos potenciais incialmente identificados, 180 foram ocupados e em 125 destes foram colocados ovos que foram chocados pelos pais até meados de Julho. Nesta fase cerca de 85% dos casais com ovo teve sucesso e e conseguiram que o seu único ovo anual eclodisse. Desde o nascimento das crias, no entanto, a predação por gatos e ratos tem sido muito elevada e cerca de 50% das crias já foram predadas, restando actualmente apenas 65 crias, quando ainda falta cerca de um mês para os juvenis sairem dos ninhos.

Para monitorizar os ninhos que se localizam em cavidades rochosas ou buracos no solo é necessário utilizar uma lanterna e por vezes desviar ligeiramente os pais, que apenas se encontram no ninho durante a fase de incubação. Uns dias após o nascimento da crias, os progenitores saiem para o mar e apenas regressam a terra de forma irregular durante a noite para alimentar a cria (podendo passar de 3 a 12 dias no mar de cada vez).

Nos ninhos mais compridos e menos acessíveis recorre-se ao uso de um endoscópio com o qual se pode aceder visualmente ao conteúdo do ninho.


Para determinar quais os predadores mais frequentes, em alguns dos ninhos foram colocadas câmaras de vigilância com sensores de movimento, embora, até ao momento, as crias dos ninhos vigiados se mantenham activas e saudáveis. Estamos com esperança que a maior parte das crias que ainda se encontram vivas sobreviva aos predadores e possam sair para o mar daqui a um mês.

Pedro

Viveiro de urze e Faia e possível nova área de trabalho

Esta semana foi sobretudo passada em trabalho de escritório, por causa do Relatório Inicial que temos de entregar em final de Setembro, mas antes do Carlos sair teve ainda tempo de fazer a sementeira de Urze e Faia, que esperamos venha a ser o início de um belo viveiro cheio de plantas para recolonizarmos os terrenos do projecto.



Assim que o nevoeiro deixou fomos também conhecer uma área em que possivelmente faremos algum trabalho no futuro. Pelo que vimos é uma área de turfeira (musgão) muito interessante e com potencial para recolonizar com vegetação endémica e plantas características do Corvo que tendem a rarear hoje em dia. Com sorte poderemos ainda atrair algumas aves para nidificar aqui, nas zonas mais secas se conseguirmos criar as condições ideais.

Houve ainda tempo para umas pescarias que deram origem a uma Cataplana de peixe, e a uma bela jantarada com amigos, mas a culinária da casa fica para um outro post mais extenso.
Finalmente a Sandra regressou da sua viagem a Granada para se juntar á equipa e hoje o Pep veio das Flores visitar-nos, dar uma ajuda nos trabalhos e passar o sábado conosco. Com sorte ainda vai dar para uns mergulhos...



Até breve

Pedro

Depois de um fim de semana agarrados aos computadores por causa do relatório inicial uns momentos de descontracção eram essenciais. Assim...depois de um mergulhinho no porto ao final da tarde ainda fomos participar num torneio de Volley no ginásio da escola que teve a participação de 5 equipas.
Como da Spea só estávamos 4, o Tiago ficou na nossa equipa e em grande parte devido à sua excelente prestação lá ficámos num honroso segundo lugar.
Na segunda tivemos direito a umas chuvadas e quase que o nosso convidado do RSPB ficava por cá...felizmente o céu lá abriu um pouco, o avião veio e ele conseguiu sair. Obrigado Zé Pedro por toda a ajuda destes dias!
Fizemos ainda uma fantástica descoberta que em muito vai contribuir para o sucesso deste projecto nos anos vindouros....consegue-se fazer um magnífico bolo de chocolate no Micro-ondas (!!!) em 5 minutos e só com 3 ovos (!). Obrigado internet por tudo o que nos dás!!! O único senão é que faz-se em 5 minutos....desaparece em 2 :-) . Na nossa receita em vez de polvilhado com açucar leva uma bela cobertura de chocolate...tb feita durante os tais 5 minutos!


Pedro

Venda do Gado

Hoje foi o dia de embarque do gado para as Flores.

Segundo nos foi dito, pois apesar de adoptados, a equipa da SPEA ainda não se iniciou nas actividades de criação de gado tão comuns no Corvo, normalmente o gado é embarcado e vendido vivo fora da ilha, muitas vezes em leilões no continente.
Este ano o gado foi embarcado para a vizinha ilha das Flores, onde será abatido e vendido para alimentação. Foi uma oportunidade para vermos uma das actividades mais características desta ilha que vive uma relação tão próxima com a terra e com a pecuária. O gado é conduzido das terras "lá de cima" até ao cais, com a ajuda de várias pessoas, atravessando a Vila até à sua zona de embarque no cais, enquanto alguns animais vêm directamente em gaiolas até essa zona de embarque. De seguida são embarcados comr recurso a uma grua e iniciam mais um troço atribulado de viagem até ao desembarque no seu destino final.

Em termos de projecto, os últimos dias foram de trabalho intenso com a reunião da comissão executiva. Mal esta acabou iniciámos o primeiro relatório LIFE que tem de estar finalizado em Setembro e entretanto, desde colegas com um pé partido que tiveram sair mais cedo da Ilha até uns jogos de volley na escola local, que nos mostraram que percebemos mesmo é de aves e de trabalhos de conservação, fomos ocupando o nosso tempo, continuando as visitas de monitorização aos ninhos e construindo uma estufa para germinação de sementes, que graças ao nosso incansável Carlos Silva começa finalmente a tomar forma.

Nos próximos dias teremos de visitar novos terrenos propostos para área de intervençao do projecto e finalizar o relatório que nos tem roubado os fins de semana.

Até breve!

Pedro

Ontem foi dia grande no Corvo. Para além da chegada de todos os parceiros do projecto ao Corvo para a reunião executiva foi feita à noite uma sessão de esclarecimento aberta à população do Corvo para apresentação e discussão do projecto. A sala da Misericórdia encheu com 47 participantes - 10% da comunidade corvina compareceu! Esperemos que seja a primeira de muitas e que todos possam ajudar o 'pessoal dos ratos' a cumprir a sua missão.